Escrito por
MIKE WEVANNE
Obs: leia capítulo anterior seguindo do link no final do post.
2.
Sem obter resposta, escolheu entrar no quarto dos dois. Ao passar, bateu a porta, usou a tranca, apoiou as costas e fechou os olhos. Então seus joelhos tiveram que suportar a pancada quando vários corpos se chocaram contra a porta. Ao sentir a pressão estabilizar, empurrou uma cômoda para usar de escora. — Karina? — Olhou em volta. Nenhuma resposta.
Ele estava preocupado com ela. Mais do que consigo mesmo. Lucas tinha esse instinto de auto-sacrifício. Ele queria que ela estivesse segura, apesar do casal não se falar há muitos meses. Uma coisa idiota que ele tinha feito. Antes disso o casamento já não andava bem e o sobrenome em comum era apenas uma lembrança do fracasso em que o relacionamento dos dois tinha se tornado. Lucas mantivera a situação de maneira firme, não como se fosse insensível à falta de felicidade a qual dos dois estavam submetidos, mas queria edificar um porto seguro, mesmo com a vida conjugal desabando.
Percebeu que as pancadas na porta do quarto haviam parado. — KARINA! — chamou mais uma vez.
— Lucas, socorro! — O grito da esposa soou abafado através de algumas paredes entre a distância que os separavam.
Sem pensar muito, Lucas tirou do caminho a cômoda que estava escorando a porta e saiu do quarto. Viu um amontoado daquelas pessoas com ferimentos terríveis pelo corpo, roupas e peles esfoladas, disputando espaço enquanto forçavam a porta do banheiro. — Ei! — Correu na direção deles, puxou o primeiro em que pôs as mãos e o empurrou escada abaixo. Logo em seguida ele mesmo foi agarrado por uma mulher que tentou mordê-lo. Quando tentou se proteger, sentiu os dentes dela cravando na mão que usou para se proteger e os dois rolaram até o andar debaixo. Lucas ficou atordoado, a adrenalina fez com que conseguisse se levantar mas o tornozelo lhe deu uma fisgada de dor, reclamando de uma torção provocada pela queda. Os dois desmortos no chão também se erguiam mas ao contrário de Lucas, eles não se importavam com os ferimentos que possuíam.
— Ei! — Ele já havia obtido a atenção dos invasores que estavam no andar de cima, os corpos despencavam pela escada no caminho de volta para a sala de estar. — Karina, sai daí! — Lucas dividia sua atenção entre os dois monstros à frente e a porta no andar de cima, esperando que a Karina surgisse de lá.
Segundos de uma terrível ansiedade. O chamado foi atendido, uma cabeça apareceu tímida detrás da porta do banheiro. — Foge, mulher, pelo amor de deus! — Ele mal conseguiu vê-la atravessar o corredor e sumir na outra ponta. Missão cumprida.
Lucas estava ficando acuado. Contra a parede, com uma perna machucada e a mão sangrando. Estava prestes a ser apanhado pelos dois desmostos. Passou o corpo pela janela estilhaçada e conseguiu mais um corte. Trincou os dentes, esticou a perna para alcançar o chão do lado de fora, sentiu duas mãos rígidas rasparem as suas costas. Escolheu a perna errada, o tornozelo falhou. Tropeçou e caiu.
CONTINUA
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Saudações joviais!
É isso, mais um ato publicado no prazo certinho! É muito bom cumprir as metas de escrita!
Para quem chegou até aqui, agradeço qualquer comentário com impressões, sugestões e críticas, qualquer feedback será útil para saber onde estou acertando ou errando! Inclusive, a escolha de uma nova história de apocalipse zumbi veio através de alguns comentários recebidos, pedindo mais histórias com a experiência contada em Sessão Pipoca dos Mortos. Claro, além dos comentários, vou agradecer mais ainda se compartilharem os textos que gostarem com os contados nas redes sociais!
Nos vemos semana que vem, com mais um ato de O Assunto Inacabado dos Boones, se as Musas nos favoreceram!
Bons ventos.
Obs: para ler o capítulo anterior da história, siga esse link.
MWXS
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Um lance que estou achando legal é a camada da história que fala das vidas pessoais dos personagens. Ao passo que há um elemento mais íntimo sobre eles, temos um excelente desenrolar com movimento e terror.
ResponderExcluirÉ, e realmente, não deu pro Lucas. Eu estava acreditando que ele protagonizaria com bravura (até o momento da mordida) pelo menos mais alguns capítulos, mas não foi o caso.
Massa, Andy, é importante esse retorno para saber se estou conseguindo assertividade na proposta que queria oferecer no conto, fazendo com que faça parte do ritmo do texto em construção.
ExcluirEu gosto de entender que as histórias de zumbis são sobre as pessoas, não sobre os zumbis. Oras, as minhas preferidas tem essa abordagem! Então é por aí que estou me enveredando.
Vou te contar que tem sido divertida essa brincadeira com o protagonismo das histórias, hehehe!